sábado, 17 de março de 2012

Desejos proibidos


Hoje já me sinto muito bem depois do último desmaio em que cai justamente às cinco da manhã - e acordei vendo seu rosto e suas palavras doces - fazendo despertá-lo do seio da sua família para consultar essa moça em flor com seus 23 anos e saúde titubeante. Excetuando a forte vontade que me domina de ficar perto dele; foi exatamente essa vontade que me fez telefonar para o seu celular já quase no fim do tarde, inventando uma forte dor de cabeça e tontura.
- Alô, Dr. Pedro, preciso que me veja, acho que vou desmair...
-Lisa? Consegue vir até aqui? Estou lhe esperando...
            Quando cheguei à porta do consultório vendo pelo vidro escuro que só havia uma paciente a ser atendida acendi um cigarro e fiquei aguardando até que chegasse minha vez. Quando enfim entrei no consultório, as recepcionistas disseram que não havia mais atendimento hoje, até que ele apareceu na porta da recepção e despachou a atendente:
            -Tudo bem, Vanessa eu atendo-a, por hoje esta liberada. Deixe que assim que eu terminar a consulta chamarei o porteiro para trancar tudo.
            Adentrando a sala daquele médico recém casado, vejo o porta - retrato de sua esposa com o pequeno filho nos braços e sento-me em uma das duas cadeiras, olhos nos olhos com ele, que me pergunta:
            -Então, minha querida, o que está sentindo?
            -Estou com medo o tempo todo, medo de uma hora dessas desmaiar e... (enxugando as tímidas lágrimas) Medo de bater com a cabeça e morrer... Apesar de minha vida ser uma droga, gosto de viver...
            -Ahh, não diga isso, Lisa, você é uma moça cheia de vida, linda e...
Atropelando suas palavras e já recomposta disse:
            -Você diz isso porque é realizado profissionalmente, é um ótimo médico, tem uma esposa que te ama, enquanto eu sou quiçá uma escritora...Com uma vida vazia.
            -Mas que drama, vamos... preciso sentir os seus batimentos, sente-se ali na maca! Você sabe que cigarro faz mal a sua saúde.
            -Aii, foi só esses diazinhos que fiquei nervosa...
            Se aproximando para auscultar os ruídos do meu coração eu não conseguia controlar a minha ansiedade e o calor que sentia pelo seu corpo. Ele novamente encarou-me com os olhos que refletiam as luzes das noites de todas as cidades e disse:
            -Sabe, eu procuro dar um tratamento igual a todos os meus pacientes, mas confesso que depois do seu último desmaio, em que velei seu corpo até você abrir os olhos, senti além da vontade de cuidar de você, um desejo forte de te ver com mais freqüência e ter você por perto...
            Falando isso, nossos corpos se encontraram e nos beijamos como se saciássemos um desejo sufocado por todas as leis morais e todas as condutas sociais, mas sendo leais à força de nossos sonhos carnais nos amamos ali na sofreguidão dos amantes que se deliciam com o acaso.
                                                                                                          Lisa Guedes

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